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25 de Setembro de 2025
O processo de envelhecimento, muitas vezes marcado por perdas, limitações físicas e mudanças sociais, pode tornar os idosos mais vulneráveis ao sofrimento psíquico. No Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, especialistas alertam para os desafios da saúde mental na terceira idade e destacam a importância do acesso a serviços de saúde e do fortalecimento de vínculos comunitários para promover o bem-estar emocional.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre pessoas com 70 anos ou mais, a taxa de mortalidade por causas relacionadas à saúde mental foi de 11,8 por 100 mil habitantes em 2022, quase o dobro da média nacional. Já um levantamento realizado pela Unicamp, com base no ELSI-Brasil, aponta que 34% dos brasileiros com 50 anos ou mais relataram sintomas depressivos e 16% declararam sentir solidão com frequência.
Para Ligia Kaori Matsumoto, psicóloga do Hospital Dia M’Boi Mirim I, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), esse cenário está diretamente ligado às transformações típicas da velhice. O envelhecimento costuma vir acompanhado de perdas importantes, como a morte de entes queridos, o declínio físico, a redução da autonomia e até a dificuldade de acesso a serviços de saúde de qualidade. Esses fatores somados impactam de forma significativa a saúde mental dos mais velhos.
Outro ponto crítico é a aposentadoria, que pode representar não apenas a perda de um papel social relevante, mas também a redução da renda, gerando insegurança financeira. A psicóloga lembra ainda que idosos estão mais expostos a diferentes formas de violência, como a psicológica, física, financeira, patrimonial ou até negligência, o que amplia os riscos de sofrimento emocional.
Entre os fatores de risco, a solidão tem ganhado destaque como um dos principais gatilhos para o adoecimento mental. Sem vínculos sociais sólidos, muitos idosos passam a se sentir sem propósito, perdem autoestima e até recorrem ao abuso de álcool ou medicamentos como forma de enfrentamento. Ligia observa que, nesses casos, o risco de suicídio cresce silenciosamente. “Muitas vezes, o suicídio não se anuncia de forma abrupta, mas vai se insinuando lentamente, como uma vida que se desfaz em gotas de abandono e sofrimento.”
Nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), equipes multiprofissionais acompanham de forma contínua os idosos do território e conseguem perceber mudanças de comportamento durante consultas e atividades coletivas. Entre os instrumentos aplicados estão a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (AMPI), testes de rastreamento como o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e a Escala de Depressão Geriátrica (GDS). Esses recursos ajudam a estruturar o Projeto Terapêutico Singular (PTS), que orienta um cuidado individualizado. “Quando identificamos precocemente sinais de risco, podemos intervir de forma efetiva, oferecer suporte psicossocial e envolver a família no cuidado. Essa atuação faz toda a diferença para evitar o agravamento dos casos”, afirma Ligia.
A especialista alerta que é preciso atenção a sinais como negligência com a higiene, isolamento social, alterações de apetite e sono, perda de interesse em atividades prazerosas e falas sobre desesperança ou inutilidade. Ela ressalta que nem todo sintoma deve ser atribuído ao envelhecimento. Fadiga, anemia ou deficiência de vitamina B12, por exemplo, se confundem com quadros depressivos. “A avaliação médica é fundamental para diferenciar causas orgânicas de questões emocionais. O que não pode acontecer é o sofrimento ser naturalizado ou invisibilizado”, acrescenta.
A rede comunitária exerce papel essencial para reduzir a solidão e fortalecer vínculos. Grupos de convivência, atividades culturais, religiosas e sociais mantêm a mente ativa e reforçam o sentimento de pertencimento. A integração com vizinhos, ONGs e associações de bairro auxiliam na construção de laços de cuidado e solidariedade.
Apesar da relevância do tema, o estigma ainda é um dos maiores obstáculos. Muitos idosos, pertencentes a gerações em que a saúde mental era tabu, resistem a procurar ajuda. Sentimentos de vergonha, medo de julgamento e a crença equivocada de que tristeza ou ansiedade são “naturais” da velhice dificultam o acesso ao tratamento.
A psicóloga recomenda ainda que familiares e cuidadores invistam em presença e escuta ativa, estimulem a autonomia e valorizem a história de vida dos idosos. Pequenas ações como ligações frequentes, incentivo a hobbies, prática de atividades físicas, boa alimentação e sono regular fazem diferença na saúde emocional. Para os próprios idosos, práticas simples e acessíveis também podem contribuir. Manter uma boa hidratação, cultivar hobbies que estimulem a memória, como leitura e jogos de palavras cruzadas, e preservar o contato social com familiares e amigos são estratégias importantes. A espiritualidade e a fé, quando presentes, funcionam como fontes de conforto e resiliência.
“O mais importante é não naturalizar o sofrimento. Cuidar da saúde mental é tão essencial quanto cuidar do corpo, especialmente na velhice. O suporte precoce e contínuo pode transformar a qualidade de vida dos idosos e prevenir desfechos trágicos”, conclui.
Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento
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